sábado, 12 de dezembro de 2009

Literatura Guineense

Breve resenha sobre a Literatura Guineense

PROVÉRBIOS


• Dinti mora ku lingu, ma i ia daju i murdil.

Os dentes e a língua moram juntos; acontece, porém, que, às vezes, os dentes mordem na língua.


• Bardadi i suma malgeta, i ta iardi.

A verdade é como o piripiri: arde.


• Garandi, polõ. ma mancadu ta durbal.

O poilão é alto e forte, porém o machado derruba-o.


• Bias hu tu sibi dia di bai, ma bu ka ta sibi dia di riba.

Sabe-se o dia da viagem, mas não o do regresso.

• Mandadu ta frianta pe, ma i ka ta frianta korsõ.

A mensagem ou o recado transmitido por uma terceira pessoa descansa o pé, mas não o coração.


• Garandi i puti di mesiñu.

A pessoa de idade é um pote de medicamentos.


• Tartaruga kuma kil k‘na bí, sinta bu pera.

A tartaruga declara: Senta-te e aguarda tranquilamente o que está para vir.


in O Crioulo da Guiné-Bissau, Filosofia e Sabedoria, Benjamim Pinto Bull

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

domingo, 15 de novembro de 2009

Vida e Obra Mia Couto




Mia Couto



Nascido em Beira, Sofala, Moçambique, no dia cinco de Julho de 1955, António Emílio Leite Couto (Mia Couto) tem a sua primeira formação académica em Biologia. Fez os estudos secundários na Beira e frequentou, de 1971 a 1974, o curso de Medicina em Lourenço Marques (actualmente, Maputo), onde se vivia um ambiente racista muito vincado. Por esta altura, o regime exercia grande pressão sobre os estudantes universitários. O conjunto destas circunstâncias leva-o a colaborar com a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), partido marcado pela luta pela independência de Moçambique de Portugal.
Mia Couto é hoje o autor moçambicano mais traduzido e divulgado no estrangeiro e um dos autores estrangeiros mais vendidos em Portugal.


Mar me quer, de Mia Couto
A trama narrativa de Mar me quer, em forma de novela, tece-se em pano africano com crenças e vivências de gentes moçambicanas que vivem no litoral de Moçambique e usam o mar para lhe roubarem o peixe que os alimenta. E é com o mar que se estabelecem relações de vida e de morte, é o mar que determina esse desenrolar de (a)casos fulcrais para as personagens

A obra narra a história de dois vizinhos, já avançados no tempo. Zeca Perpétuo, para conquistar sua vizinha, Luarmina (luar-mina?), vai desfiando, a seu pedido, suas memórias, que ao final acabam entrelaçando-se na história dela, num enovelar de segredos entrançados que se vão sendo revelados ao mesmo tempo, durante a narrativa, ao leitor e ao narrador, resultando num desfecho surpreendente.


Ficha de Trabalho Mar me quer

Exemplos de alguns trabalhos:

Mar Me Quer Resumo E Personagens

Mar Me Quer, Mia Couto

Eduardo White


Eduardo White

Escritor moçambicano, Eduardo Costley White nasceu em Quelimane (Moçambique), a 21 de Novembro de 1963.

O poeta integrou um grupo literário que fundou, em 1984, a Revista Charrua. Junto a outros poetas, colaborou também com a Gazeta de Letras e Artes da Revista Tempo, publicação cuja importância, assim como Charrua, foi indiscutível para o desenvolvimento da literatura moçambicana. Por intermédio desses periódicos, afirmou-se um fazer poético intimista, caracterizado pela preocupação existencial e universalizante.

Numa preocupação com as origens, Eduardo White tenta na sua poesia reflectir sobre a sua história e sobre Moçambique, numa tentativa de apagar as marcas da guerra e de dignificar a vida humana. Para isso, escreve através de um amor diversificado que pode ser pela amada, pela terra ou mesmo pela própria poesia, sempre num tom de ternura, de onirismo, de musicalidade e, por vezes, de erotismo.
(“Eduardo White” in Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2008 )

Moderníssimo, kafkiano, os seus textos apontam para uma leitura poética metalinguística, ou seja, em que os poemas, ao engendrarem a si mesmos, contam, paralelamente, a história de seu povo (amores, sofrimentos, opressões, miséria, estigmas das guerras, etc.) e a história da própria linguagem literária.

Exemplos de alguns trabalhos:

Ocorre Me Agora, Eduardo White

O Que Voces Nao Sabem Nem Imaginam, Eduardo White

A Palavra Renova Se No Poema, Eduardo White

José Craveirinha - Grito Negro




José Craveirinha

Poeta, ensaísta e jornalista. Nasceu em Lourenço Marques (hoje Maputo), filho de pai branco (algarvio) e de mãe negra (ronga). Sendo o pai um modesto funcionário e, ao tempo da opção, já reformado, José Craveirinha teve de ser sacrificado, ficando pela instrução primária, para que seu irmão mais velho fizesse o liceu. Mas Craveirinha, que então já lia muito, influenciado por seu pai, grande apaixonado de Zola, Victor Hugo e Junqueiro, passa a fazer em casa o curso que o irmão fazia no liceu, acompanhando as lições que este ia tendo.
A sua estreia em livro deu-se com Chigubo, editado em Lisboa em 1964 pela Casa dos Estudantes do Império e logo apreendido pela PIDE, que o utilizou como prova nos processos de que foi vítima durante o período em que esteve preso (na célebre cela 1 com Malangatana e Rui Nogar, entre outros, entre 1965 e 1969).

Foi o Prémio Camões de 1991.

1ª fase: de Neo-realismo, implicando uma tradição poética narrativizada, de que é exemplo flagrante a primeira parte do livro Karingana ua karingana, justamente datada de 1945-50 e intitulada «Fabulário». Os poemas têm versos curtos. Cada poema é como que um pequeno quadro pictórico (em geral, uma cena, um ambiente, um tema). O fabulário alude, por outro lado, à tradição popular, ancestral, tribal, de contar fábulas, aqui com personagens humanas dentro, emersas em dramas sociais e pessoais. Há uma denúncia em moldes alusivos, expositivos, em linguagem descarnada, contida, não propriamente contundente. Por outro lado, a composição do tema, a imagética, porque voltadas para uma finalidade unívoca, baseadas em meios simples, apresentam-se sem grande elaboração, denunciando uma fase cronológica ainda algo incipiente, privilegiando a mensagem sobre os meios expressivos.
2ª fase: Negritude, expressa com nitidez em Chigubo (1964) e Cantico (1966). Os poemas têm versos de média ou mais extensa medida. Os predicadores e os predicatários e predicatados, em geral, são negros. A revolta e a denúncia agressiva pontificam. O «Manifesto» ou o «Grito negro» mostram como a cor e a raça negras (isto é, o grupo étnico) comandam a visão dos predicadores, que se enaltecem e têm orgulho nas suas raízes negras, africanas.
3ª fase: Moçambicanidade ou identidade nacional, de que as 2ª e 4ª partes de Karingana ua karingana, respectivamente intituladas «Karingana» e «Tingolé (Tindzolé)», são emblemáticas, e que se caracteriza pela expansividade dos poemas mais longos e dos muito longos, em que o humor e a ironia desempenham papel decisivo, sendo bastante clara a interrogação sobre a identidade dos predicadores, suas origens e herança cultural. A «Carta ao meu belo pai ex-emigrante» demonstra todas essas possibilidades de interrogar-se e interrogar o que é ser-se moçambicano.
4ª fase: de Libertação, de que resultaram dois livros diferentes, sendo um de poemas da prisão, escrito ainda antes da Independência, em reclusão, mas paradoxalmente respirando liberdade. Anote-se um exemplo de absoluta liberdade sob o peso do cadafalso: «Foi assim que eu subversivamente / clandestinizei o governo / ultramarino português». O outro livro, de homenagem à falecida mulher, é elegíaco como o anterior, de textos curtos, expondo um sentimento, um ambiente, uma ideia, um episódio, com circunspecção, concretude e lirismo, por vezes com pormenores que iluminam As características gerais da obra de Craveirinha podem resumir-se, do seguinte modo: Neo-realismo; narratividade; adjectivação luxuriante; ironia; elementos surrealizantes; Negritude; moçambicanidade.

Os temas fundamentais são: escravatura, raça, crítica à civilização ocidental, vitalismo, sensualidade, revalorização da tradição negra, culto da Natureza, animização, etc., com recurso aos modelos da Black Renaissance, Negritude e Neo-realismo, no intuito de construir uma identidade poética moçambicana.
o tom de cerrado desânimo.(cf. A poética de José Craveirinha, Ana Mafalda Leite, Lisboa, Vega, 1991, pp. 30 e 33).

Exemplos de alguns trabalhos:

Quero Ser Tambor, José Craveirinha

As Saborosas Tanjarinas De Inhambane

sábado, 7 de novembro de 2009

Luandino Vieira




Luandino Vieira

José Vieira Mateus da Graça, conhecido por Luandino Vieira, nasceu a 4 de Maio de 1935, em Vila Nova de Ourém, tendo ido viver para Angola aos três anos com os pais.
Cidadão angolano pela sua participação no movimento de libertação nacional escolheu o nome de Luandino como homenagem a Luanda e contribuiu para o nascimento da República Popular de Angola. Fez os estudos primários e secundários em Luanda, tornando-se depois gerente comercial para garantir o seu sustento.
Acusado de ligações políticas com o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) foi preso em 1959 pela PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado), no âmbito do que ficou conhecido como "processo dos 50".
Entre outros prémios literários, Luandino Vieira venceu o Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa de Escritores (1965), o Prémio Sociedade Cultural de Angola (1961), o da Casa do Império dos Estudantes - Lisboa (1963) e o da Associação de Naturais de Angola (1963).

A sua obra divide-se em duas fases: a primeira, que agrega as estórias escritas até 1962, ou seja, todas as incluídas em Vidas novas, e que ainda se mantêm nos limites do discurso relativamente clássico, não demasiado afastado em relação à norma do português europeu e do modo narrativo conforme com o modelo do conto curto à “Maupassant”: a segunda fase, com a duração de dez anos, inaugurada pela escrita de Luuanda, tenderá progressivamente para a destruição da pacatez de leitura, disseminando marcas de angolanização da língua portuguesa. subvertendo a norma comunicativa do português-padrão de Lisboa, adoptando gírias, neologizações. tipicismos e outros recursos, também sintácticos, orais e tradicionais africanos, para construir uma língua literária propícia ao imediato reconhecimento da sua diferença.

As três estórias de Luuanda, cujos motivos centrais são a fome, a escassez de meios, ostentam um exórdio destinado a criar um primeiro enquadramento contextual para a acção que se há-de seguir. Nele subjaz a topografia de Luanda e aí se insinua uma atmosfera, que, no caso da primeira e terceira estórias. «Vavó Xíxi e seu neto Zeca Santos» e «Estória da galinha e do ovo», prenuncia forte tempestade, como que a moldar o estado psicológico das personagens através dos impressivos elementos meteorológicos. Ambas terminam com a incerteza do narrador quanto à beleza do que foi contado, deixando o julgamento para o leitor.

As duas últimas histórias começam por uma tensão (começam mal) e acabam numa distensão (em happy end). Ambas mostram, nos lugares finais estratégicos, que ao narrador interessa que a verdade ficcional seja convincente, mesmo que ele tenha a certeza de que os casos que acabou de contar, como na «Estória do ladrão e do papagaio», possam não acontecer exactamente assim na vida real, embora muito próximos disso. Luandino quer mostrar-nos aristotelicamente que, na ficção, mais vale uma invenção verosímil do que um facto real inverosímil, a significar que, através da sua inventividade, devemos ler o testemunho histórico e o apelo à consciência. Certos exórdios e certas perorações, na pena de Luandino, existem exactamente para induzirem o leitor numa leitura que lhe faça lembrar a oralidade das histórias contadas como verídicas em torno de uma fogueira. (Pires Laranjeira, Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa, vol. 64, Lisboa, Universidade Aberta, 1995, p.124.

Exemplos de alguns trabalhos:

EstóRia Da Galinha E Do Ovo, Luandino Vieira

EstóRia Do LadrãO E Do Papagaio, Luandino Vieira
Vavó Xixi, Luandino Vieira

Pepetela



Pepetela

Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos é um escritor angolano conhecido pelo pseudónimo de Pepetela,Pestana, em umbundo. Este nasceu em Benguela no dia 29 de Outubro de 1941.
Torna-se militante do MPLA - Movimento Popular para a Libertação de Angola- em 1963. Licenciado em Sociologia, Pepetela é docente da Faculdade de Arquitectura da Universidade Agostinho Neto (Luanda).
Em 1997, foi galardoado com o Prémio Camões pelo conjunto da sua obra, tendo sido o autor mais jovem a receber este prémio.

Em A Montanha da Água Lilás, fábula para todas as idades, o escritor angolano Pepetela conta a estória de uns seres cor laranja, os Lupis, que pensavam, falavam e trabalhavam como os homens. Mas “não são homens, porque se chamavam Lupis”. Certo dia, os lupis descobrem uma fonte de um misterioso líquido, cujo perfume é inebriante - a água lilás. E deixaram de viver em perfeita harmonia... Este livro, não é apenas uma fábula para todas as idades, tal como o subtítulo parece indicar, é um retrato (in)temporal da sociedade humana, e da crescente desigualdade social.

Exemplos de alguns trabalhos:


A Montanha Da áGua LiláS, Pepetela

A Montanha Da áGua LiláS, Pepetela (2)

Alda Lara


Alda Lara
Alda Lara, seu nome completo, Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque, nasceu em Benguela, Angola, a 9 de Junho de 1930 e faleceu em Cambambe a 30 de Janeiro de 1962. Era casada com o escritor Orlando Albuquerque.
Em Lisboa esteve ligada a algumas das actividades da Casa dos Estudantes do Império. Declamadora, chamou a atenção para os poetas africanos. Depois da sua morte, a Câmara Municipal de Sá da Bandeira, actual Lubango, instituiu o Prémio Alda Lara para poesia.

Temas, Tópicos; Palavras-Chave:
Tempo ansioso;
Lugares de afecto;
Enfeitiçamento e amor pátrio;
Solidariedade;
Fraternidade;
Esperança;
Generosidade;
Evangelismo;
Inconformismo;
Destino da mulher;
Revolta e idealidade;
Desejo;
Terra-África.

A poética de Alda Lara vai trilhando entre o «eu», o sonho e o povo.
As marcas da oralidade e da História permeiam a sua poesia.

Exemplos de alguns trabalhos:

PrelúDio, Alda Lara

Regresso, Alda Lara
De Longe; Noites Africanas Langorosas, Alda Lara

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Danças Angolanas

Vídeo com danças angolanas contemporâneas

sábado, 24 de outubro de 2009